Herbicida atrazina é associado à inflamação da próstata e atrasos da puberdade
Um novo estudo [Effects of prenatal exposure to a low
dose atrazine metabolite mixture on pubertal timing and prostate
development of male Long-Evans rats] mostra que a exposição pré-natal de
ratos machos a baixas doses de atrazina, um herbicida amplamente
utilizado, torna-os mais propensos a desenvolver inflamação da próstata e
ao passar pela puberdade mais tarde do que os animais não-expostos.
A pesquisa acrescenta mais um efeito negativo à crescente da
literatura científica sobre a atrazina, um herbicida usado
principalmente para controlar ervas daninhas e gramíneas em culturas
como milho e cana-de-açúcar. A atrazina e seus derivados são conhecidos
por serem relativamente persistentes no ambiente, podendo contaminar
recursos hídricos, atingindo, inclusive, os sistemas de abastecimento de
água.
A pesquisa, que está disponível online e será destaque
na capa da revista Reproductive Toxicology (Volume 30, Issue 4),
constatou que a incidência de inflamação da próstata passou de 48% no
grupo controle para 81% nos ratos do sexo masculino que foram expostos a
uma mistura de atrazina e seus produtos de degradação durante a fase
pré-natal. A gravidade da inflamação aumentou com a força das doses. A
puberdade também se atrasou nos animais que foram expostos à atrazina.
As doses da mistura atrazina dado aos ratos durante os
últimos cinco dias de sua gravidez estão próximos aos níveis
regulamentados, nos EUA, para fontes de água potável. O nível de
contaminação corrente máxima permitida de atrazina na água potável é de 3
partes por bilhão. As doses administradas aos animais foram de 0,09 (ou
2,5 partes por milhão), 0,87 e 8,73 miligramas por quilograma de peso
corporal.
A pesquisa foi conduzida por Suzanne Fenton e Jason
Stanko, do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental (NIEHS),
parte do National Institutes of Health. Fenton começou a trabalhar como
pesquisador na Agência de Proteção Ambiental, dos EUA (United States
Environmental Protection Agency, EPA), mas terminou a pesquisa no NIEHS.
Ambos, NIEHS e EPA, forneceram apoio financeiro para o estudo.
"Nós não esperamos ver estes efeitos em níveis tão
baixos de exposição," diz a Dra. Fenton. Ela acrescenta que este é o
segundo estudo que mostra os efeitos de baixas doses de atrazina. Fenton
foi o autor sênior em um estudo de 2007, que demonstrou que exposição a
baixas doses de atrazina era associada ao atraso no desenvolvimento
mamário de ratas.
"Foi interessante notar que a inflamação da próstata
diminuiu ao longo do tempo, sugerindo que os efeitos podem não ser
permanentes", disse David Malarkey, um patologista do NIEHS e coautor do
estudo.
Fenton salienta que estes resultados podem ultrapassar
os efeitos da atrazina isoladamente e podem ser relevantes para outros
herbicidas encontrados na mesma 'família' das triazinas, incluindo
propazine e simazina. Todos os três herbicidas possem as mesmas
características de degradação no meio ambiente.
"Esperamos que esta informação seja útil para a EPA,na
sua avaliação de risco da atrazina", disse Linda Birnbaum, diretora do
NIEHS e do National Toxicology Program.
Os resultados da pesquisa serão apresentados à EPA, em
setembro, como parte da reavaliação da atrazina. EPA anunciou, em 2009,
que havia começado uma avaliação global da atrazina, para determinar os
seus efeitos em seres humanos.
No final deste processo, a agência vai decidir se irá
rever a sua avaliação do risco atual da atrazina e se novas restrições
são necessárias para melhor proteger a saúde pública.
Para mais informações sobre a avaliação de risco da
atrazina, realizado pela EPA, acessem o hotsite in
http://www.epa.gov/pesticides/reregistration/atrazine/atrazine_update.htm.
O artigo apenas está disponível para acesso aos assinantes da revista Reproductive Toxicology.
Jason P. Stanko, Rolondo R. Enoch, Jennifer L. Rayner,
Christine C. Davis, Douglas C. Wolf, David E. Malarkey, Suzanne E.
Fenton, Effects of prenatal exposure to a low dose atrazine metabolite
mixture on pubertal timing and prostate development of male Long-Evans
rats, Reproductive Toxicology, In Press, Corrected Proof, Available
online 19 August 2010, ISSN 0890-6238, DOI:
10.1016/j.reprotox.2010.07.006.
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